terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O DIREITO À LITERATURA

Ao ler o texto "O direito à literatura" de Antonio Candido destaquei vários trechos que me chamaram à atenção. Transfiro para este espaço, minhas anotações:
  • "Quem acredita nos direitos humanos procura transformar a possibilidade teórica em realidade, empenhando-se em fazer coincidir uma com a outra. Inversamente, um traço sinistro do nosso tempo é saber que é possível a solução de tantos problemas e no entanto não se empenhar nela."

  • "Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo."

  • "Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações."

  • "(...) a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação."

  • "Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito."

  • "A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas."

  • "Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver."

  • "Analisando-a, podemos distinguir peo menos três faces: 1. ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado; 2. ela é uma forma de expressão (...); 3. ela é uma forma de conhecimento (...)."

  • "Mas as palavras organizadas são mais do que a presença de um código: elas comunicam sempre alguma coisa, que nos toca porque obedece a certa ordem."

  • "A literatura desenvolve em nós a cota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante."

  • "Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. (...) Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável."
Fonte: Vários Escritos, Antonio Candido - 3ª ed. rev. e ampl. - São Paulo: Duas Cidades, 1995.

A partir dessas leituras, houve vários apontamentos e, ficou na minha mente, o quanto é importante a maneira como se constrói uma mensagem; é ela que torna o texto interessante .
Toda escolha denota interpretação de quem lê e de quem escreve. Daí, a importância de oferecer ferramentas para o aluno perceber os artifícios do autor: olhar diferente para a literatura. Afinal, o leitor complementa o sentido da obra. Quem já não viveu intensamente a história de vida da ficção?...
Por falar em histórias fictícias vividas além da imaginação, que livro marcou a sua infância?... Vamos compartilhar?...

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