quinta-feira, 21 de maio de 2009

A FORMAÇÃO DO SÍMBOLO NA CRIANÇA - JEAN PIAGET

TEXTO-BASE: PIAGET, Jean. A classificação dos jogos e sua evolução, a partir do aparecimento da linguagem. In: ____A formação do símbolo na criança. 3ªed. Rio de Janeiro: LTC, 1990.


O jogo como exercício ocorre na primeira infância, surge por volta dos 18 meses de vida e são manifestações de repetições motoras que oferecem um certo prazer para os bebês, são resultados de suas ativas movimentações e resume quase que exclusivamente a manipulações, oferecidas pela descoberta do potencial das mãos.
Após este período, aproximadamente entre 2 a 4 anos, surgem os jogos simbólicos, ou faz-de-conta, são exercícios onde a criança utiliza sua imaginação, primeiramente de forma individual, para representar papéis, situações, comportamentos, realizações, utilizar objetos substitutos (por exemplo, uma espiga de milho pode se transformar em uma boneca).
A última fase em que Piaget classifica os jogos, são os jogos com regras (a partir de 5 anos). Aqui as crianças passam do individual e vão para o social, os jogos possuem regras básicas e necessitam de interação entre as crianças, são resultados deste tipo de jogo a aprendizagem de regras de comportamento, respeito às idéias e argumentos contraditórios e a construção de relacionamentos afetivos.
Os jogos com regras são, segundo Piaget, uma ferramenta indispensável para este processo. Através do contato com o outro a criança vai internalizar conceitos básicos de convivência.
_________________________________________________
“...Já se viu que o jogo de regras marca o enfraquecimento do jogo infantil e a passagem ao jogo propriamente adulto, que não é mais uma função vital do pensamento, na medida em que o indivíduo se socializa. Ora, o jogo de regras apresenta precisamente um equilíbrio sutil entre a assimilação ao eu- princípio de todo jogo- e a vida social. Ele é ainda satisfação sensório-motora ou intelectual e, ademais, tende à vitória do indivíduo sobre os outros. Mas essas satisfações são, por assim dizer, tornadas legítimas pelo próprio código do jogo, que insere a competição numa disciplina coletiva e numa moral de honra e do fair-play....” (p. 216)
____________________________________________
Ao ler esse texto, vêm à minha mente algumas situações observadas ao longo desses anos de experiência como professora.
Ainda não encontrei criança, desde a mais tenra idade, que não sinta prazer nas aulas que apresentam situações de jogo. Ultimamente, lidando com uma faixa etária de 10 anos, esta afirmação fica mais evidente, principalmente, nas aulas de educação física _ onde os jogos marcam constante presença.
Desta forma, incorporar os jogos, ou situações que envolvam atividades de observação, manuseio, exercícios em dupla, são estratégias que visam possibilidades de aprendizagem enriquecedoras.
Hoje mesmo, por exemplo, ao propor em sala de aula, discussões em duplas sobre exercícios ortográficos reflexivos, foi possível notar os diferentes comentários a partir de uma atividade, que envolvia observação de uma lista de palavras que tinha a letra "e" no final, mas pronunciadas com som de "i". Foi produtivo realizá-la deste modo, pois as crianças puderam interagir e discutir sobre as regras ortográficas.

(Alunos do CSM realizando atividade em grupo)
Enfim, a criança possui sua ética, sua bagagem sócio-cultural, sua história como pessoa, mas, a sua moral é adquirida; e, a brincadeira e os jogos infantis, exercem um importante fator de influência para esta aquisição moral, haja vista que, atividade lúdica é a mais prazerosa para os pequenos, é a principal atividade da criança (não aquela em que dedica mais tempo, mas sim, aquela em que mais se desenvolve).

Um comentário:

Andréa Cristina Felix Dias disse...

Veronice, bom ver que já tem conseguido estabelecer relações entre os textos e a prática em sala de aula, continue neste caminho. Cuide somente de marcar que Piaget não estava propondo jogos para a escola, apenas observou o importante papel destas atividades para o desenvolvimento mental.
Um abraço
Andréa